Ascensão e queda do vídeo em mídia física
A televisão sempre esteve presente na minha casa e acredito que na maioria das pessoas, ainda hoje.
Durante a infância, a TV de casa não tinha cores, mas era usada por muitas horas todo dia, para assistir as animações da manhã e o filme da sessão da tarde, isso quando não estava em aula.
Foi só na adolescência que conseguimos adquirir um aparelho com imagem colorida, parcelado em muitas prestações, tantas que um dos planos econômicos (acho que o primeiro deles, o do Sarney em 1986) gerou uma deflação e baixou as parcelas finais.
O videocassete era um item de luxo, custava cinco mil dólares e nunca tivemos um em casa.
Apenas depois que entrei no banco, concursado, casado, já no inicio da década de 90 que realizei o sonho de ter um aparelho em casa.
A fita de vídeo-cassete e a TV de tubo foram diversão de muitos, por anos inabaláveis e sem muitas evoluções.
A tecnologia dos discos andou em paralelo, mas sem conseguir muita penetração no mercado.
Primeiro com o laserdisc que tinha 30 cm e armazenava uma hora de vídeo e áudio analógico em cada lado, lançado pela Philips em 1978.
Em 1982, juntamente com a Sony, criaram o CD.
O CD-V apareceu em 1987, mas como só comportava 5 minutos, ainda com o vídeo analógico, mas com o som já digitalizado, ficou restrito a divulgação de vídeos de música.
No começo da década de 90, surgiu o VCD, agora digitalizando o vídeo também, expandiu a duração para 74 minutos, com sua capacidade de armazenar 650 MB de dados.
A qualidade era informada como semelhante a da fita VHS, como só tive acesso muitos anos depois, achei bem ruim.
O vídeo era compactado com o CODEC MPEG-1, numa resolução de 352x240 pontos, na taxa de padrão do NTSC de 29,97 quadros por segundo, com bitrate constante de 1.150 Kbps.
Para o áudio, usava a camada II do MPEG-1, com amostragem de 44,1 KHz, em estéreo ou Dolby Surround e bitrate constante de 224 Kbps.
Teve relativo sucesso, mas pararam a produção com a invenção do CD-R, pois os VCD não tinham nenhum dispositivo de proteção do conteúdo contra cópias.
A revolução chegou em 1995, com o DVD, que melhorou a qualidade da imagem e do som, introduziu o formato 16x9, resolução de 720x480 e o áudio digital multicanal de qualidade, nos formatos Dolby Digital e DTS.
O DVD tem o mesmo tamanho do CD, 12 cm de diâmetro, mas armazena 4,7 GB ou 8,5 GB em densidade dupla!
Apesar da tecnologia começar a ficar conhecida no Brasil em 2002, algum tempo antes eu já usava, com um leitor instalado no computador.
Mas não foi fácil, o meu Pentium II (processador em cartucho) não tinha capacidade para decodificar o conteúdo dos discos.
Tive que adquirir uma placa auxiliar que fazia essa tarefa, não lembro o nome, mas era da Creative Labs, que ficou famosa com suas placas de som Sound Blaster.
A TV ainda era de tubo, mas o DVD conseguia uma qualidade muito boa na época, sem o desgaste das fitas VHS, que iam ficando velhas e perdiam a cor da imagem, além de eventuais falhas na reprodução.
Tenho até hoje o meu primeiro disco, com o filme The Fifth Element, sem legendas em português. O filme foi gravado no formato 16x9 em um lado do disco e em 4x3 no outro lado, pois havia muitas reclamações das tarjas pretas que reduziam a imagem na tela tubão.
A imagem do DVD era cristalina, sem defeitos aparentes e se não riscássemos o disco, mantinha-se assim por muitos anos, como esse meu disco de 1997.
Introduziu uma proteção contra cópias e uma divisão por regiões, que impedia um filme adquirido para o Brasil de funcionar nos EUA e vice-versa.
Lógico que ambas foram burladas e os discos piratas invadiram o comércio informal e até com ambulantes.
Para conseguir o áudio multicanal, era necessário um aparelho de som que ficou conhecido como receiver A/V. Além disso, precisava de 5 caixas de som e um subwoofer.
O receiver estéreo é a junção de três aparelhos em um, o receptor de rádio FM/AM, o amplificador estéreo de potência e o pré-amplificador.
O multicanal adicionou a amplificação de mais 3 canais e um processador de áudio multicanal.
A conexão de áudio entre o reprodutor de discos e o receiver era feita com um cabo de áudio digital ótico, que também tinha a patente dos inventores, até no nome, S/PDIF = Sony Philips Digital InterFace.
Além da imagem sem defeitos, o som multicanal produzia a imersão ao ambiente.
Ok, o som multicanal já existia nos videocassetes, mas era raro alguém adquirir o conjunto de som.
O formato de áudio era o Dolby Surround Pro Logic e usava os mesmos cabos estéreo, apesar de ter 5 caixas de som, as duas traseiras ficavam em mono, assim eram 4 canais, frontais, central e surround e o .1 do subwoofer.
Em 2008 o DVD substituiu a fita de vídeo por completo no mercado.
Mas em 2006 surgiu o Bluray Disk ou BD, além da Sony e Philips, juntaram-se a Panasonic e LG e depois, Apple, Intel, Dell, Warner e Disney.
A resolução da tela passou para Full HD (1920 x 1080) e surgiu o áudio multicanal de alta definição, com o Dolby Digital TrueHD e o DTS-HD.
O laser azul permitiu aumentar a capacidade do disquinho de 12 cm para 25/50 GB!
A indústria estava movimentada, as TV LCD de tela fina 16x9 e o Bluray faziam sucesso, mas...
A Netflix revolucionou o mercado com o streaming de vídeo e praticamente acabou com os discos, mas essa é outra história!
Ah sim, o Bluray chegou aos 4K, mas praticamente ninguém mais usa a mídia física.
Quem tiver um Xbox ONE S ou Xbox ONE X pode experimentar, agora só adquirindo um disco por quase R$ 200,00 ou se trouxer de fora por 20 dólares.
O PS4 Pro não tem o leitor necessário para o BD de 100 GB.
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