Não olhe pra cima

     O cinema é tão fértil em produções sobre o fim do mundo que chega a ser prolixo, há tantos títulos cataclísmicos que é até difícil mencionar, mas o filme da vez me lembrou imediatamente de duas produções realizadas na mesma época e sobre o mesmo roteiro:

    - o sucesso Armagedon, com tema "I don´t want to miss a thing" da banda Aerosmith e participação da filha do seu líder, Liv Tyler. 



    - enquanto isso, Impacto Profundo ficou em segundo plano, com orçamento bem menor e crítica melhor, porém longe do sucesso e logo esquecido.



    A trama parece a mesma novamente, um enorme meteoro vai se chocar com a Terra e extinguir toda vida, vamos mandar uma nave tripulada para explodir algumas bombas e desviar a rota de colisão.

    O tom de sátira leva a um rumo totalmente diferente no enredo, inicia uma crítica feroz ao negacionismo, acentuada pelo descaso dos governantes com as condições climáticas e preservação do meio ambiente.

    O absurdo é tão real que houveram muitas comparações dos personagens principais do filme com personalidades da vida real, além de vários trechos também remeterem a acontecimentos reais.

    Os cientistas que descobrem a tragédia buscam confirmação com outros e após, buscar uma solução para o problema, inicialmente recorrendo aos órgãos oficiais.

    Após o fracasso nas tratativas com o Governo, decidem apelar para a imprensa televisiva para avisar a população sobre a tragédia iminente.

    Novamente uma decepção tremenda, a vida privada pública de personalidades da mídia é mais importante e tem maior interesse do que um evento de magnitude final.

    A sociedade engolida pelas mídias sociais e totalmente influenciada por pseudo gurus da tecnologia ignora a ciência real

    Depois do descrédito e ignorância iniciais, o Governo descobre que pode obter vantagens com a situação.

    Começa a exploração do medo e outra crítica baseada na realidade, as pessoas que se aproveitam da situação para lucrar comprando estoques de suprimentos e outros itens, para revender com grande ágio.

    O filme parece se encaminhar para o mesmo final das produções citadas no começo, uma missão tripulada é enviada em foguetes para explodir o cometa.

    Mas o guru da tecnologia manda cancelar tudo, a intenção é explorar as riquezas minerais que formam o cometa, dividindo-o em pedaços menores para cair sem perigo e ser explorado para enriquecer ainda mais os poderosos.

    Novamente o mundo se divide em opiniões diversas e contrárias, mera semelhança com a realidade?

    Há muitas referências no filme, os religiosos ligaram vários números a trechos bíblicos, a começar pelo tempo que levará pro evento final, 6 meses e 14 dias, que no livro Gênesis 6,14 fala sobre a ordem de Deus para Noé construir a arca da salvação.

    Algumas são mais claras, como a comparação do guru da tecnologia atual com Steven Jobs, ou pelo menos, nas suas apresentações.

    Após o fracasso da missão espacial tecnológica, os poderosos fogem numa nave espacial e os cientistas se abrigam no aconchego do lar e dos familiares para aguardar o fim.

    As cenas pós-créditos chamaram muita atenção, o cinismo dos números de sobreviventes da fuga espacial e o desfecho cruel e satisfatório da natureza.

    Mas a cena que mostra o filho da presidente sobrevivendo sozinho é a que foi considerada mais ridícula e inacreditável, apesar da intenção em mostrar que a sua dependência das mídias online era pior que a morte.


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